terça-feira, 4 de março de 2008

Adeus, Lênin!


A preguiça me fez pegar pedaços de um trabalho que eu fiz e transformar em um post.

Goodbye, Lenin (2003)
Wolfganger Becker


O filme começa com o episódio em que o pai do personagem principal Alex Kerner, deixa a família em Berlim Oriental para supostamente morar com outra mulher em Berlim

Ocidental. Muito abalada, a mãe de Alex, Christine Kerner dedica todo seu tempo a um novo casamento, desta vez com o regime comunista “Como nesse relacionamento não havia sexo, restava-lhe muita energia para nós crianças e o dia-a-dia sob o regime comunista”, diz Alex que além de personagem principal é o narrador da história.

Dez anos se passam e no dia da comemoração dos 40 anos da República Democrática Alemã (em alemão DDR), Christine tem um colapso e entra em coma ao ver seu filho em uma passeata contra o regime comunista. Ela permanece em coma durante 08 meses e também durante a queda do muro de Berlim e a reunificação da Alemanha.

Os problemas de Alex começam quando sua mãe acorda - ela não pode sofrer grandes emoções, pois isso levaria de volta ao coma -, Alex decide então “criar” em seu apartamento a Alemanha Comunista. A partir daí vemos os esforços do filho para que a mãe não descubra a verdade, para isso ele envolve em sua farsa sua namorada, sua irmã e o namorado desta, e também seu colega de trabalho Denis, um aspirante a cineasta que o ajuda a “fazer” reportagens sobre a finada Alemanha Oriental.

O filme trata de um tema delicado, a queda do muro de Berlim. A história é contada a partir dos olhos de um jovem da Alemanha Oriental, que tenta de todas as formas ir contra essa corrente de mudanças. Enquanto todos os alemães orientais queriam mudar, Alex permanece parado no tempo e se possível queria voltá-lo. Há outro tema principal do filme, a relação da mãe com seu filho, nesse filme ela se encontra invertida, já que é o filho que faz todos os esforços para a mãe.

Para retratar esse período único da história o filme se passa inteiramente em Berlim Oriental, logo após a queda do muro de Berlim, vemos então que o ambiente passa por mudanças, nessa época os alemães do leste estavam ávidos por produtos do lado capitalista. O atraso da cidade é retratado em seus carros, prédios, e até roupas que são usadas.

Alex encara sempre essas mudanças de forma positiva: “Os ventos da mudança pairavam sobre as ruínas da nossa república. No verão, Berlim era o lugar mais bonito do mundo. Nós estávamos no centro do mundo onde as coisas finalmente estavam acontecendo” e “A vida em nosso país seguia em ritmo acelerado, éramos como átomos num enorme acelerador de partículas. Mas, ao abrigo do ritmo dos novos tempos havia um oásis de calma. Um lugar pacífico onde eu podia dormir.”.

O diretor usou também a Coca Cola para mostrar essa transformação, assim que o muro cai vemos alguns soldados marchando e uma bandeira vermelha, essa bandeira agora não é mais a que representa o comunismo, mas sim da Coca Cola. O vermelho antes a cor do comunismo, passa a representar o capitalismo, através de uma das marcas mais importantes dos Estados Unidos.

Em uma das cenas mais famosas do filme vemos Alex discursando no aniversário da mãe, dizendo que no último ano nada mudou enquanto isso deitada na cama a mãe de Alex vê no prédio do lado uma enorme bandeira da Coca Cola sendo colocada. É a marca dos novos tempos. Como explicação Alex passa para a mãe sua primeira reportagem produzida, nesta ele diz que a Coca Cola foi uma invenção comunista.


A cena mais significativa dessa mudança e também a mais bonita do filme é a aquela em que Christine sai pela primeira vez do apartamento sozinha. Enquanto o filho dorme, ela se levanta e anda pelo quarto, e resolve ver até onde pode andar e sai do prédio. Confusa ela vê vários móveis velhos jogados na rua, vê um feirão de carros que não existiam na antiga Alemanha oriental e continua andando. Ao fundo da avenida ela vê um helicóptero levando uma estátua de Lênin – provavelmente que foi retirada de alguma praça – nessa estátua em particular Lênin está com um braço esticado e a mãe vê a estátua passar por ela, Lênin aponta para ela e a estátua segue seu caminho. É ali que o comunismo diz adeus à Christine, os novos tempos chegaram e a estátua de Lênin não tem mais lugar ou significado, ela continua parada no meio da rua atormentada até que seus filhos a encontram. A trilha da cena é crescente e atinge seu ápice quando a estátua passa por Christine.

Enquanto o comunismo morria Alex mantinha firme sua farsa e criava uma RDA para sua mãe com a qual ele sonhava: “Devo admitir, a minha encenação havia adquirido vida própria. A RDA criada para minha mãe era a que eu havia sonhado.”.

Na sua última reportagem Alex decide que dará um fim digno à República Democrática Alemã, ele pede para o primeiro alemão no espaço, o cosmonauta Segmund Jänh que agora é taxista encenar para ele um discurso:

“... Sabemos que nosso país não é perfeito, mas nossos ideais continuam inspirando pessoas no mundo todo. Podemos ter, às vezes, perdido de visto nossas metas, mas recuperamos nosso foco. O socialismo não visa o isolamento, mas sim ir até outras pessoas, conviver com outras pessoas. Na visa só sonhar com um mundo melhor, mas fazer acontecer. Portanto decidir abrir as fronteiras do nosso país”.

Assim Alex termina a sua “abertura”, de algum modo ele foi dando a notícia aos poucos para como a abertura pretendida por Gorbatchov. Ele faz uma interpretação subjetiva do que era o comunismo e assim constrói sua própria utopia.



[só foi um ctrl c + ctrl v, mas posso dizer que o Daniel é uma delicinha?]


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