sexta-feira, 20 de junho de 2008

O escafrando e a borboleta




Le Scaphandre et le papillon
Julian Schnabel

Ando meio sumida, mas meu sumiço tem nome e sobrenome: Trabalho de Conclusão de Curso.
Sim, ele mesmo. Sabe tudo o que você já ouviu sobre ele? É bem pior!

Mas partindo para assuntos mais agradáveis, tá rolando um Festival de Cinema Francês no Reserva Cultural, e como eu acho ouvir alguém falar francês mais chique que caviar, resolvi ir assistir, também tem o fato deles passarem Canções de Amor, filme que eu toloca pra ver desde que não consegui ver na Mostra...

Ontem rolou a sessão de "O escafrando e a borboleta". Eu não sabia absolutamente nada sobre esse filme, apenas descofiava que ele tinha concorrido ao Oscar ou Globo de Ouro, na verdade foram 04 indicações ao Oscar, incluindo de Melhor Diretor (indicação muito mais que merecida), e assim fui surpreendida por um filme MARAVILHOSO, em caps lock mesmo.


Jean Dominique Bauby era o editor chefe da revista Elle Francesa, tinha dinheiro, mulheres, filhos lindos, carrão, até que um dia um derrame o leva ao coma, e quando acorda, é diagnosticado com a síndrome do lock-in (trancado dentro).

Je-Dom, para os íntimos, perde todos os seus movimentos, exceto o de um olho, e é com esse olho, e somente com ele, que consegue escrever o livro em que o filme foi baseado. Sim, é uma história real.

As primeiras cenas do filme acompanham o momento em que Jean desperta de seu coma, e todo o processo em que ele se acostuma com a sua atul condição. Só vemos o que Jean vê, imagens fora de foco, as piscadas, o som, a luz, tudo é filmado do ponto de vista de Jean, recém-acordado de um coma e imóvel em uma cama, sem entender o que acontece em sua volta, ele é incapaz de falar, mas nós somos capazes de ouvir seus pensamentos.

É angustiante ver as tentativas de comunicação de Jean, as pessoas que saem de foco, o som que se afasta, e a metáfora que ele faz do seu estado, um mergulhador imóvel e sozinho num mar imenso.

Ao passar do filme, vemos alguns flashbacks de Jean antes do acidente, e o progresso que o mesmo faz no hospital, como aprende a se comunicar (alguém fala o alfabeto para ele, e Jean piscava quando falavam a letra que ele queria, até formar palavras, sentenças, e um livro). O filme nos brinda com a incrível imaginação de Jean, segundo ele,a única coisa que lhe resta além de sua memória, em cenas ótimas como seu banquete de ostras, suas divagações sobre a solidão.

O incrível não é só a lição de vida que o filme passa, poxa, ele não podia mais se mexer e escreveu um livro! UM LIVRO! Escreveu um livro piscando, ele sobreviveu a ter que passar os dias consigo mesmo, sem poder se comunicar ou sentir nada, dependendo de todos, e não desistiu. E ainda assim, temos esperança de que ele vá melhorar, ao menos voltar a falar, pelo menos cantar ele consegue!
Então, eu recomendo esse filme por inúmeras e inúmeras razões, mas eu cito as mais importantes:

- Cenas lindas e inusitadas.
- O modo de filmagem, na maior parte do filme vemos o que um olho de Jean vê.
- Trilha sonora maravilhosa
- Direção IMPECÁVEL, um post a parte, eu diria. Repare na cena em que suturam o olho de Jean, parece estranho falando assim, mas reparem. Ângulos inusitados, e controle de camera maravilhoso.
- Atuação impecável.
- Metáforas fortes e lindas
- E uma cena, que eu levarei pra sempre comigo: - Jean acaba de receber seu carro novo, entra nele e sai por Paris, eis que entra o tem do filme "Os Incompreendidos", eis que eu quase choro e me arrepeio inteira, eis que eu vejo umas das cenas mais lindas de Paris que o cinema já mostrou.







Trailler do Filme.

Deu pra perceber que é bom, né? Então eu vou voltar ao meu TCC, e você faz o favor de ir assistir ao filme, okay?