quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Minha vida sem mim


Isabel Coixet


Acabei agorinha de assistir esse filme, e tentando me recompor, resolvi escrever sobre ele.O filme que mais me emocionou nos últimos tempos [o que nem é lá grandes coisas, porque tenho visto poucos filmes recentemente, diz a dona de um blog sobre cinema].

O filme segue os últimos meses de Ann, uma jovem de 23 anos, casada que mora num trailler no quintal da casa da mãe e descobre estar com cancêr e que tem poucos meses de vida.Diante da descoberta ela faz uma lista de tudo o que tem que fazer antes de morrer, coisas como: dizer pra minhas filhas que as amo muitas vezes por dia, achar outra esposa pro meu marido, pintar meus cabelos, visitar meu pai na prisão, fazer outro homem se apaixonar por mim, dizer o que eu penso...


Com um plot desse é lógico que você poderia esperer um melodrama daqueles cheios de cenas clichês, mas ainda bem, não é isso que vemos na tela. Ann continua com sua vida normal ao lado das duas filinhas, do marido e da mãe grossa [interpretada por Deborah Harry - do Blondie]. Mas ela não se esquece da lista e arranja um amante, Lee [Mark Ruffallo] com o qual mantêm um relacionamento carinhoso, a impressão que nos fica é que esse relacionamento aparece para fazer os dias de Ann ficarem um pouquinho mais felizes e sua morte mais fácil, porque como disse seu médico "Morrer não é tão fácil assim".

Mas apesar de sua situação [a morte chegando, e vamos combinar que a vida dela nunca foi muito fácil, isso é perceptível desde o primeiro momento do filme, nos parece uma vida que não gostaríamos de ter], Ann parece calma durante todo o filme, mas isso não signifca que você não sinta sua dor, a diretora usa muitos planos fechados para nos colocar mais próximos da personagem e de seu mundo. E você entra no mundo dela, e sofre com ela. E com as cenas emocionates, [não confundam com pieguas, por favor] que nos são apresentadas. Cenas como: a que Ann e o marido estão na cama, e ela percebe que sua vida nunca foi muito boa [o que nos causa uma angústia enorme, já que sabemos que não há nada mais que ela possa fazer], as pequenas ceninhas inseridas ao longo do filme mostrando coisas de que ela sentirá falta, e a final, onde ela vê sua vida sem ela [sua vizinha jantando com o marido e com as filhas], e percebe que talvez ela nem seja tão ruim assim, e se for, não há problemas, aliás mortos não sentem saudades.

[FoxLife passou o filme com legendas com português de Portugal, aliás recomendo! Você aprende "outra " língua e ainda se diverte.]
[Reparem na cena de Ann no supermercado: "Ninguém pensa em morte no supermercado" diz Ann, e todos dançam ao seu redor. Ah, o capitalismo!]
A Jojo falou que gostou da variação de assunto de um post lá embaixo, estão aí vai algo que não tem absolutamente nenhuma relação com esse filme, mas que eu gosto mesmo assim: Pros fãs de The Kooks, finalmente chegou o novo single do segundo CD deles "Konks"[okay, só eu achei esse título um lixo?] - Always, where I need to be:




Aih, o Luke continha um Looosho (L). teenage mode off/

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Piaf


Piaf- La Môme (2007)
Oliver Dahan

Oscars 2008. Envergonhada admito que não vi quase nada [nem tão envergonhada assim, porque Oscar é balela e todo mundo sabe]. Vi apenas um, Piaf [e paramos por aqui porque o resto da tradução é muito brega]. Fui por dois motivos: adoro a Edith Piaf [duvida? olha ae meu last.fm], e adoro filmes franceses [duvida? vê os filmes de que eu já falei]. Bom, fui sozinha, numa bela tarde do ano passado, no Reserva Cultural [porque preguiça pouca é bobagem,praticamente só vou no cinema que fica instalado no prédio da minha faculdade].

O filme, é uma cinebiografia da cantora francesa, Edith Piaf [na realidade: Édith Giovanna Gassion, Piaf é passáro em francês, uma referência à sua voz poderosa, e ao seu tamanho ]. A história é contada de forma não linear , entrelaçando os momentos de sua vida com performances [Marion Coutillard, que interpretou Piaf e ganhou o Oscar não canta de fato as músicas. É tudo Piaf, isso porque os produtores acharam, com razão, que ninguém conseguiria interpretar as músicas com tamanho talento.]

A não-linearidade, nos leva cada vez a um momento diferente da vida de Edith, mas o resumão é esse: Edith, filha de uma mãe alcoolatra, é abandonada por esta e passa a cantar com seu pai [que era mágico], pelas ruas de Paris. Até ele ir para a guerra, quando Edith passa a morar com a avó paterna numa casa de carinho (é, num puteiro). Mais velha ela passa a cantar nas ruas denovo, até ser contrata por seu primeiro mentor, Louis Lepleé (Gerard Dipardieu) a quem chama de papai. Com a morte dele , ela volta às ruas, mas logo é re-descobrida, e encontra o sucesso. Mas não pense que o dramalhão acaba por aí. Edith, que nunca teve muita sorte no amor, se apaixona loucamente pelo boxerador casado Marcel, mas este morre num acidente de avião quando ia visitá-la em Nova York [sim, ela morou por lá uns tempos, mas nunca aprendeu a falar inglês.] Aliás, a cena em que Edith descobre que Marcel morreu é uma das mais poderosas do filme. Digo, "umas das" porque todas as cenas das performances de Piaf são lindas. Marion consegue passar a mesma paixão que Piaf passava no palco.

Preciso dizer, que esperei o filme todo para ouvir "Non,Je ne Regrette Rien". A música só chega no finzinho depois de vermos a cantora passar mal no palco algumas vezes, sua garra para voltar a cantar, seu vício e internação em clínica de reabilitação [ela tomava dez doses de morfina por dia]. Depois de tudo, parece que a vida da cantora se resume nessa frase: Non, je ne regrette rien (não me arrependo de nada.). Aliás, é o que ela mesma diz, quando ouve a música, composta por um soldado. A cena final é emocionante:
Tudo para se chegar ao fim, e perceber que:
"Non! Je ne regrette rien
Ni le bien qu'on m'a fait
Ni le mal tout ça m'est bien égal!"

Ou seja, "o mal ou o bem, pra mim são iguais". O importante é o grande legado que essa cantora deixou, e isso, ah! isso, o filme mostra muito bem!



Apresentação de Edith Piaf "Non, je ne regrette rien".



Marion Coutillard em Piaf.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Zelig


Zelig (1983)
Woody Allen

Eventualmente esse dia ia chegar, ele só demorou tanto por causa das firulas que eu comentei no post anterior. Mas ele chegou: hoje é dia de Zelig. \o/
Não, esse filme do Woody Allen não está no título do blog porque é o único filme que eu conheço que começa com a letra Z (acossado a zelig, de a à z... sacou?), tem também o... e o... Na verdade não tem nenhum, mas ele não deixa de ser especial.
O filme é um pseudo-documentário, sobre Leonard Zelig, um homem camaleão, capaz de se transformar em qualquer pessoa que esteja perto dele. O filme, passado na década de 20 mostra o a doença e o tratamento de Zelig com a Dr. Eudora Nesbitt Fletcher, por quem ele se apaixona, já que é interpretada pela Mia Farrow (veja bem, a Scarlett nem tinha nascido)
Humor é o que não falta, as situações como o plot já induz (oi? um homem camaleão)são surreais, as mudanças por quais eles passam, as raízes dos seus problemas psicológicos, o relacionamento com a Dr. Eudora. Tudo é retratado com muito humor com doses cavalares de nonsense e críticas aos Estados Unidos dos anos 20 sem deixar de lado as neuroses típicas de Allen e seu ritmo peculiar.
Bom, não há muito mais o que dizer, o filme é bem curtinho e aposto minha coleção do Doinel que vale muito a pena, quem não gostar pode vir cobrar de mim depois.E quem aí tiver o telefone do Sr. Allen, por favor me passar.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

Jules & Jim


Bom, esperando a hora de me arrumar pra sair no sábado a noite, animada com minhas unhas vermelhas e a expectativa de me requebrar ao som de bandas indies, eu tenho uma epifania blogueira: faço muuuita firula pra escrever aqui, e nunca escrevo nada. Vide as 10 resenhas aqui postadas em três meses (okay, os números devem estar errados mas a idéia está aí.). Então, como uma Fênix, vou fazer isso renascer das cinzas (oi? adoooro um melodrama). E adoro mais ainda um filme francês. E tem um que queria comentar há séculos, mas nunca tive tempo.

Jules & Jim - uma mulher para dois.


Esse filme de Truffaut, como o título em português nos faz o grande favor de explicar, trata de um triângulo amoroso.
Jules gosta de Catherine, que gosta de Jules e também de Jim e porque não, também de Gilberte.
O filme retrata toda essa lambança amorosa, cheia de idas e vindas, gostos e não gostos. E antes que você odeie a Catherine, como eu odiei, vou falar o que acho que ela representa. O amor.Bom, nós sabemos que como dizia algum filósofo algum tempo atrás nós mudamos sempre, o amor não é diferente, e como Catherine, não é possível saber seu novo capricho.
Então, trocando em miúdos, é isso que o filme faz,mostra as faces do amor: inconstante como Catherine, ou fiel como o de Jules, que assiste à todas as escapadelas da mulher no melhor estilo "quero te ver feliz, e isso que importa".
A relação dos três também é mostrada de forma lírica,[é francês, né?]e é interessante ver como os três se completam, e se entendem muito bem, mesmo na situação em que se encontram.
Sem dizer, que é um filme do Truffaut, e se alguém, não sabe porque eu gosto tanto dele (só perde pro Woody, mas isso é outro assunto), assista! Eu até emprestaria meu DVD, mas já tá emprestado...



Ah, já que virou festa, vai aí uma dica musical: Nouvelle Vague.Banda francesa.Covers em ritmo de bossa nova.



Love will tear us apart (live @ Glasto) - [cara, daria um rim pra ir no Glasto]

Ah, sim! E quando eu aprender a tocar violão, a primeira música vai ser essa:



Jeanne Moreau - Le Turbillon de la vie [repare na letra, nem precisa falar francês pra entender do que ela canta: eeeee, as inconstâncias do amor.]